sábado, 23 de maio de 2009

COM O QUE VOCÊ SE VINCULA?

Homens e mulheres devem viver, em média, 70 anos. Pouquíssimo tempo. E, apesar da vida ser tão breve, homens e mulheres insistem na ideia dos vínculos. Cedo, aos 17 anos, já escolhemos a profissão que vai nos vincular econômica e socialmente a esse mundo. Depois, caçamos um parceiro para nos atar afetivamente e sonhamos com filhos, casa e férias programadas. Estabilidade é a palavra-chave. E após conseguirmos algo ligeiramente parecido com isso, procuramos então, na meia idade, reverter o tempo. E haja cosméticos, cirurgias. Tentamos, inclusive, ignorar nossas próprias angústias vide os rivrotris e lexotans da vida, largamente utilizados. O que eu acho mais insano nessa grande correria é que a gente estabalece o fixo quando nossas personalidades são essencialmente mutáveis. Criamos regras como ser fiel eternamente a despeito do desejo por várias pessoas diferentes que nos acompanha até o fim. Em nome de quê? Estabilidade. "Eu prometo a você que minhas trepadas, beijos e sentimentos são exclusivamente seus". Em nome de quê, alguém já parou pra pensar? Em nome do medo, eu diria. Porque o vínculo, de certa forma, nos faz sentir menos perdidos, a vida cria sentido em todas as amarras culturais às quais nos prendemos. Nós não questionamos. Apenas seguimos o script previamente estabelecido e, extremamente inseguros, controlamos a escolha de quem amamos ao criar regras e contratos de exclusividade.

Não venham com essa de sentimento. A velha historinha de que amor de verdade está intrinsecamente atrelado à contratos e afins. Uma vez eu ouvi "As coisas que amo, deixo-as livres. Se voltarem é porque me pertencem, se não voltarem é porque nunca as tive". Eu faria um adendo: nós não temos nada nesse mundo, apenas interagimos com o que aparece no meio da viagem. E isso não significa não estabelecer vínculos. Porque é na liberdade que reside a verdadeira escolha. Contrato é uma bela desculpa para estabelecermos algum tipo de posse sobre coisas e seres humanos. Há um tempo atrás, eu pensei em família, filhos e gatos. Depois descobri que a verdadeira jornada é você amar dentro do desapego. Porque respeito aos desejos do outro, aos sentimentos que o outro possa ter em relação à mais pessoas é aceitar ele na natureza mutável e exploratória do ser humano. Que aliás, você também tem.

4 comentários:

  1. Nossa! Que lindo...Concordo com você totalmente, pois me casei aos 23 anos e é claro que não deu certo. Conforme eu vou ficando maisvelha,mais tento praticar o desapego, que é o pai do amor verdadeiro. O AMOR QUE LIBERTA.
    Vc ganhou uma fã!! beijos e bom domingo!
    Ps: minha irmã acabou de chegar na Australia...

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  2. Belo post! Concordo com tudo. Em nome da tal estabilidade, arrastei um casamento que não tava dando certo por mais tempo que devia. Perdi um tempo em que poderia estar conhecendo outras pessoas, tendo outras experiências e tal.

    Agora estou mais pra experimentar e menos pro compromisso...

    E essa frase: "As coisas que amo, deixo-as livres. Se voltarem é porque me pertencem, se não voltarem é porque nunca as tive"... Serve pra mim em relacão aos outros e vice-versa...

    Beijocas

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  3. Esse negócio de vinculo, relação, sempre me remete à algema.

    Eu não esqueço de um post que eu li num blog que fechou [;D] sobre como somos egoístas em relação ao outro.

    Eu acho que não aprendemos que gostar não é sinônimo de ser dono de algo/alguém!

    Beijos, mulher

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